Se a formação educacional é a gênese, a complexidade do trânsito não pode ser entendida como um fator isolado. O maior desafio para que menos pessoas morram dentro de um veículo ou de uma moto é reduzido o número de vítimas enquanto a frota de veículos não para de crescer. "E não se pode culpar as pessoas por terem mais poder aquisitivo e dinheiro por comprar o carro da família. O próprio governo é indutor da economia e propiciou a melhoria nas condições financeiras da população. O problema está na impunidade, no alto índice de consumo de álcool, de drogas, entre outros fatores", opina o médico e diretor técnico do Hospital Walfredo Gurgel (HWG), João Batista de Souza Rabello, para onde são encaminhados a maior parte dos envolvidos com acidentes na Grande Natal.
Dentro dos corredores do politrauma do Walfredo, aliás, se concentra o estágio final do problema social iniciado na formação educacional dos condutores. "Os pais transferem a educação dos filhos para os colégios, mas hoje, no mundo globalizado em quevivemos, a antiga educação centrada na mãe de família não existe mais. As pessoas são mais independentes, autosuficientes, enfim, muitos valores se perderam", disse Rabello. A maioria das ocorrências registradas no maior hospital público do Estado se refere a homens, dos 20 aos 37 anos, envolvendo motos.
O diretor geral do hospital, Mozar Dias de Almeida, chamou a atenção para a estatística envolvendo acidentes com motoqueiros que dão entrada nessa unidade hospitalar: "atualmente, uma média de 22 acidentes envolvendo moto são registrados no Walfredo Gurgel. Por mês, são quase 700 ocorrências. É preciso que providências sejam tomadas", alertou. Em 2007 a incidência era menor: 13 acidentes/dia. O hospital tem colaborado para aperfeiçoar as estatísticas de trânsito. Iniciou, no começo do mês, um levantamento denominado "Viva Inquérito", que pretende identificar todos os casos de violência (sexual, doméstica, de trânsito) que dão entrada no hospital. Com base nesses dados será possível definir medidas contra a violência.
Rotas da morte
As rodovias federais e estaduais e avenidas mais perigosas de Natal, onde os condutores devem ter atenção redobrada, especialmente em condições adversas como chuva e durante feriados prolongados
Rodovias federais
Trecho Nº de acidentes (2011)
BR 101 (Touros a Canguaretama) 1.521
BR 304 (Natal a Mossoró) 461
BR 226 (Natal a Pau dos Ferros) 225
BR 110 (Areia Branca a Messias Targino) 130
BR 406 (Natal a Luis Gomes) 117
BR 405 (Mossoró a Luis Gomes) 92
BR 427 (Currais Novos a Serra Negra do Norte) 66
Rodovias estaduais
Distrito Nº de acidentes (2011)
Grande Natal | RN's 063 (Rota do Sol), 301 (Via Costeira),
302 (João Medeiros Filho) 5.723
Mossoró | RN's 012, 013, 117 e adjacências 899
Caicó | RN's 041, 042, 118 e adjacências 379
Nova Cruz | RN's 003, 093, 120 e adjacências 304
Pau dos Ferros | RN's 079, 117, 177 e adjacências 132
Cruzamentos da capital
Avenidas e ruas Nº de acidentes
(média mensal 2011)
Bernardo Vieira com Prudente de Morais 9
Roberto Freire com Ayrton Senna 8,5
Bernardo Vieira com Salgado Filho 8
Tarcísio Maia (Integração) com Prudente de Morais 6,7
Cap.Mor-Gouveia com Jaguarari 5,2
João Medeiros Filho com Moema Tinoco 5,1
João Medeiros Filho com Itapetinga 4,7
Bernardo Vieira com Interventor Mário Câmara (Av. 6) 4
Fonte: http://abandidagem.wordpress.com/2011/09/page/4/